A porta bateu com força ao fechar...da janela ainda te vi virar a esquina! Não podia esperar mais que voltasses, mas ao mesmo tempo, era duro demais pensar que nunca mais te via...
Foi o inicio de uns longos dias de introspecção passados na cabana que construiu o meu pai, quando comprámos um terreno á beira mar. Anos antes, tinha olhado para aquele bocado de terra plantado á beira de um imenso areal e pensado que era impensável alguem ali viver, mas sobre uma construção divina tinha nascido uma coisa completamente entendida hoje para mim como um lar. Apesar de afastado da minha casa habitual, era ali que passava muito tempo da minha vida. Foi ali que nasceu inspiração para os livros, ali nasceu algumas das amizades que guardo para a vida, ali nasceu uma parte de mim que não conhecia e que explorei, e incrivelmente, gostei... mas naquele dia preferia que todo aquele cenário nao existisse, ou pelo menos não assim, daquela maneira.
E assim, como tinha de acabar um livro, dar-lhe os retoques finais, resolvi ir apontando os dias de espera por coisa nenhuma...ás vezes é bom saber que o tempo se conta, razão pela qual sempre amei relógios, se calhar, acho eu....porque nem sempre a noção de tempo é aceitável!
Esse mágico objecto de ponteiros por vezes tambem nos trama...quando de repente me olho ao espelho e percebo que os anos estão comodamente arquivados na minha aparência, e no meu cerebro... o tempo cansa....e cansou-me assim de repente quando viraste as costas, quando nunca mais te vi, quando só de pensar em ti perdia dez anos de existência....
A esse maravilhoso objecto de ponteiros que me conta os segundos e os minutos da minha existência neste mundo de ninguem....aos dias que passam rápido e aos que passam devagar, aos que já nem me lembro e aos que tenho gravados na memória...
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